“Corações a galopes” se passa em Manaus, Amazonas, no Vilarejo fictício de Amorim. Lá vive Isabela, com seu fiel cavalo Gingim e seus pais pra lá de tradicionais. Ela esconde do pai, Ramiro, a sexualidade e a intensa vontade de competir com seu corcel em um rodeio. Isabela vive uma vida pacata, correndo pelas trilhas com Gingim e seu cachorro Pimpão, e principalmente tentando ajudar a amiga Munique, que passa por condições financeiras extremamente preocupantes.
É em uma dessas tentativas de conseguir um emprego para Munique que as amigas se deparam com a misteriosa Diana Miranda, a dama solitária do vilarejo. A moça vive atormentada pelo fantasma da falecida esposa e é conhecida como bruxa por toda a comunidade, e vive um trailer no meio da floresta, afastada de tudo e todos, inclusive de sua fazenda.
Quando Diana é forçada a demitir seu único funcionário, surge a oportunidade para que Munique possa trabalhar em sua fazenda e dar sustento a seu filho. Feliz com a ajuda, Isabela se aproxima cada vez mais de Diana, até que a intimidade as leva a uma situação inusitada: forjar um namoro para despistar os interesses duvidosos da ex de Diana, Angela.
O TRADICIONALISMO, BLOQUEIOS E A ACEITAÇÃO
Rozze Olliver aborda temas muito importantes numa narrativa leve e rápida (acabei o livro em 4 dias) com precisão e sutileza. Uma pauta pouco discutida abordada em “Corações a Galopes” é a forma como famílias tradicionais lidam com a maior presença da comunidade LGBTQ+ em suas vivências, principalmente entre seus próprios filhos. Rozze retrata essa situação e o processo de compreensão e entendimento da realidade da filha por parte de Ramiro, de maneira respeitosa e paciente.
Outro grande ponto forte do livro é a abordagem da temática do bloqueio emocional, especialmente depois de um grande trauma. Diana sofre com o bloqueio após a morte da esposa, cuja voz a assombra fazendo-a ter incertezas quanto a seu relacionamento com Isabela. É um assunto tratado com muita delicadeza e verossimilhança.
Com muitos alívios cômicos, cenas intensas e protagonismo lésbico, “Corações a Galopes” é uma boa pedida para uma leitura tranquila, rápida e divertida.