Lollapalooza Brasil 2025: Show Envolvente de Girl in Red, Arco-Íris, Chuva e Muita Lama

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Em uma line-up com mais de 70 artistas convidados, apenas seis são lésbicas e bissexuais

Por Laura Magro

O Lesbocine esteve presente no Lollapalooza Brasil 2025 na última sexta-feira, 28, no Autódromo de Interlagos, na cidade de São Paulo. O primeiro dia do festival foi marcado por chuva, lama e alertas de raios, mas nada impediu que Girl in Red entregasse um show surpreendente — embalado por uma paisagem de dois arco-íris ao fundo.

A cantora norueguesa subiu ao Palco Budweiser e rapidamente conquistou a plateia, composta, em sua maioria, por fãs de Olivia Rodrigo. Com um jeito espontâneo e descontraído, ela envolveu até aqueles que não a conheciam, transformando a apresentação em um momento de pura energia coletiva. O show faz parte da turnê do álbum “I’M DOING IT AGAIN BABY!”, lançado em 2024.

Antes de cantar a icônica música girls, Marie Ulven fez um breve discurso que ressoou com o público sáfico: “Obrigada por serem tão legais. Seria ainda mais legal se todos vocês soubessem a letra da próxima música, porque essa música é forte no lesbianismo”. A canção, que aborda sentimentos sobre gostar de mulheres, se aceitar e se assumir, se tornou um hino entre pessoas lésbicas e bissexuais desde seu lançamento.

Duplo arco-íris momentos antes do show da Girl in Red começar / Foto: Laura Magro/Lesbocine

A cantora ainda notou os arco-íris no céu e celebrou o simbolismo da cena: “Vocês estão vendo o arco-íris ali? Eu acho que os deuses gays estão com a gente neste momento. Porque Deus é gay e São Paulo também”.

Além de girls, Girl in Red entregou hits como “we fell in love in october” e “i wanna be your girlfriend”, levando o público do Lollapalooza a cantar em coro sobre o amor entre mulheres.

Mesmo com seu show sendo atrasado em quase 50 minutos, uma infecção de garganta e uma fanbase não muito grande no Brasil, Girl in Red provou que não precisa de muito para conquistar o público brasileiro – apenas muito carisma e música boa!

As últimas edições do Lollapalooza têm sido marcadas pelo protagonismo feminino. Apenas três headliners conseguiram ultrapassar a marca de 100 mil pessoas no público, e todas eram mulheres — sendo duas delas sáficas: Billie Eilish e Miley Cyrus.

Billie Eilish no Lollapalooza Brasil 2023 / Foto: Adriano Vizoni/Folhapress

Isso levanta um questionamento: se cantoras sáficas já provaram que reúnem multidões e envolvem o público, por que elas ainda são minoria na line-up? Nesta edição de 2025, dos mais de 70 artistas que se apresentaram em Interlagos, apenas seis eram lésbicas ou bissexuais.

E o problema não é a falta de artistas sáficos. Há tantas opções que daria para montar um dia inteiro só com elas — como o Dia Delas do Rock in Rio, que é exclusivamente feminino. Nomes como Billie Eilish — que veio em 2023 e está em turnê com seu novo álbum —, Chappell Roan e Boygenius combinam perfeitamente com o festival. Doechii, que tem lançado vários hits com a sonoridade que os brasileiros adoram, também seria uma escolha certeira.

Além delas, Reneé Rapp que já tocou no Coachella e poderia vir acompanhada de sua namorada, Towa Bird, que também é cantora. St. Vincent também seria uma opção perfeita, já que já estava no Brasil abrindo o show de Olivia Rodrigo em Curitiba.

E se nomes internacionais forem mais difíceis de negociar, têm diversas cantoras sáficas brasileiras que poderiam marcar presença no festival. Carol Biazin, que lançou a primeira parte do seu álbum ano passado e está para lançar a segunda, vem conquistando um público cada vez maior; Day Limns que também lançou recentemente seu último projeto e flerta com o punk e o rock, também se encaixaria bem; Anavitória que lançou um álbum e vai entrar em turnê em breve, fazem muito sucesso no MPB. E ainda tem outros nomes como Ana Gabriela e Clarissa Muller.

 

Ter Girl in Red, Sophia Chablau, Clube Dezenove, Charlotte Matou Um Cara, Blancah e Paula Chalup  no festival foi incrível, mas esperamos que essa lista aumente nas próximas edições. Afinal, o número de cantoras lésbicas e bissexuais na indústria só cresce, e o público diverso do Lollapalooza pede uma line-up igualmente diversa.

Foto em destaque: Reprodução: Multishow e Globoplay

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