Representatividade importa sim! | Uma breve análise sobre a história da representatividade LGBTQIA+ na mídia

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A arte imita a vida, no entanto, se tratando de representatividade de pessoas LGBTQIA+ no cinema e na tv, a história é bem diferente. Apesar de nós estarmos presentes nessas produções desde sua origem, nossas identidades e sexualidades eram tratadas com chacota e até certo desprezo. A maneira que éramos representados no século XIX, era um reflexo de como a sociedade nos via, e isso só piorou com a introdução do Código Hayes nos anos 1930. 

Esse documento que continha um conjunto de normas morais, foi utilizado para tornar os filmes moralmente aceitos. O código foi aplicado aos filmes lançados nos Estados Unidos entre as décadas 1930 a 1960, e teve um impacto bastante interessante na representatividade de pessoas LGBTQIA+. Apesar do que você pode achar, esse código não censurou e muito menos sumiu com esses personagens, pelo contrário, eles permaneceram nas produções cinematográficas sutilmente e suas histórias eram resumidas a antagonistas ou personagens que serviam de exemplo por ter escolhido viver uma vida fora do padrões que eram considerados normais para época.

A permanência de personagens através dessa ótica gerou um impacto negativo para comunidade. Ao sermos reduzidos a vilões ou até mesmo em indivíduos que eram o exemplo a não ser seguido, ajudou a perpetuar uma imagem equivocada da comunidade, dificultando a nossa aceitação pela sociedade. Porém, apesar de muitas produções terem seguido essa dinâmica, alguns roteiristas e diretores que eram LGBTQIA+, começaram a romper aos poucos com essa prática. Além de burlar o Código Hayes, através de suas escritas sutis, eles conseguiram introduzir histórias mais positivas e que pudessem ser reconhecidas pela comunidade. Inclusive, documentários como “The Celluloid Closet : O Outro Lado de Hollywood” e “A Fabulosa História do Cinema Queer”, vão explorar essa dinâmica e mostrar as alternativas encontradas para que pudéssemos ter representatividades mais positivas.

Com a ascensão da luta pelos direitos civis, a comunidade saiu das sombras e começou a lutar para ser respeitada e tratada com dignidade. À medida que a comunidade LGBTQIA+ conquistava seus direitos, nossas histórias na tv e no cinema começavam a tomar novos rumos. Inclusive, a série “Visible: Out on Television”, vai explorar a história do movimento LGBTQIA+ através das telas da TV, através de entrevistas e imagens de arquivo, a série de cinco capítulos, vai abordar a homofobia, a evolução de personagens LGBTQIA+ e seu impacto na sociedade e na cultura POP.

À medida que iniciamos a ser retratados de forma positiva, ganhando os primeiros beijos, os primeiros casais, as primeiras famílias, os primeiros finais felizes, isso ajudou com que a comunidade tivesse não só uma melhor receptividade, mas também nos ajudou a nos aceitar. Mas é importante destacar que ainda precisamos que  haja interseccionalidade em nossas histórias. Hoje vemos com maior frequência histórias sobre homens brancos cis gays e mulheres brancas cis lésbicas e bissexuais, em contrapardia são quase inexistentes histórias positivas sobre pessoas trans, por exemplo. E é justamente isso, que o documentário “Revelação” irá tratar, o filme mostra um olhar profundo sobre a representação de pessoas transgênero em Hollywood e o impacto de suas histórias na vida dos transgêneros e na cultura americana.

Além de “Revelação”, “Visible: Out on Television”, “The Celluloid Closet : O Outro Lado de Hollywood” e “A Fabulosa História do Cinema Queer”, outra série que importante para compreender a representatividade de pessoas LGBTQIA+ é “Orgulho Além da Tela”. Diferente das demais produções, a série produzida pela Globo vai a partir de imagens de arquivo e depoimentos, traçar a cronologia da representação de personagens LGBTQIA+ nas novelas e mostrar o impacto que eles tiveram na sociedade brasileira.

Reprodução TV Globo | Clara e Marina da novela “Em Família”

Bom, o fato é que tanto os estudos, quanto os documentários sobre representatividade citados nessa matéria, vão demonstrar que sim, a forma que somos  tratados e representados na mídia vai influenciar a sociedade e a comunidade. Por isso, é importante exigir histórias reais e positivas, que mostrem a nossa verdade, e consequentemente nos ajudem a conquistar cada vez mais o nosso espaço na sociedade.

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