Por: Victoria Tuler
Em que ponto a marca registrada de uma série deixa de ser sua força e passa a ser uma fraqueza? A julgar pelos primeiros três episódios de sua 5ª temporada, Elite parece disposta a responder a pergunta.
O que transformou o sucesso adolescente da Netflix em um fenômeno mundial foi o fascínio provocado por um mundo teen regido pelas formas mais extremas de poder: crimes, dinheiro e uma frequência infindável de sexo. Não é a primeira vez que uma obra escolhe transportar essas dinâmicas tão adultas ao universo de um colégio de alto padrão, é claro, mas, em sua primeira temporada, Elite acertou ao fazer isso de maneira particularmente instigante e envolvente.
O primeiro episódio da 5ª temporada remete muito ao auge da qualidade da série. Depois de um quarto ano morno em que o roteiro ainda tentava se adaptar a sua própria proposta de recomeçar, o capítulo de abertura inédito que estreia oficialmente na próxima sexta-feira (8) é objetivo, alimenta a tensão na medida certa, faz um trabalho muito competente ao introduzir novos conflitos e mantém o fôlego dos ganchos que deixou em 2021. É o DNA de Elite em sua melhor forma.
No entanto, o enredo não demora para tropeçar em si mesmo e os dois capítulos seguintes parecem apenas uma repetição infinita de tudo que já vimos antes, inclusive lançando mão de alguns recursos narrativos que já deixaram de surpreender o público há muito tempo. Entre festas despropositadas e crises existenciais repetitivas que fazem alguns personagens andarem em círculos, é impossível dizer se ainda há realmente uma história a ser contada.
Em meio a tantos retrocessos, alguns arcos narrativos que têm muito potencial acabam perdendo o brilho. É o caso do debate sobre as consequências dos atos de Phillipe, que parece almejar se tornar uma discussão polêmica sobre “cultura do cancelamento” — sem sucesso até agora — com um papel importante em todos os episódios apresentados até aqui, ou mesmo um dilema moral proposto aos alunos por Benjamín no 3º capítulo, que começa interessante, mas não sustenta a força.
Entre os três novos personagens, Iván (André Lamoglia), filho de um jogador de futebol brasileiro, é o que conquista mais destaque e já chega movimentando a trama. Também são apresentados Isadora (Valentina Zenere), uma patricinha caricata, e Bilal (Adam Nourou), que aparenta ser um esforço para que Elite não deixe de lado sua proposta de abordar disparidades de classe.
Até o momento, Rebeka e Mencía são destaques positivos desses primeiros episódios em termos de desenvolvimento. As duas personagens parecem dispostas a amadurecer, entender suas identidades e como devem se posicionar no mundo enquanto indivíduos. Por outro lado, Menbeka, enquanto casal, não deve ter vida fácil até o final da temporada.
A nova leva de capítulos de Elite chega à Netflix na sexta-feira, dia 8 de abril.