A melhor releitura de Alice com romance sáfico e representatividade – Resenha do livro “Entre Naipes”

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Mari Lucioli é apaixonada por Alice no País das Maravilhas e se perguntou um dia: “como o chapeleiro maluco teria ficado, de fato, maluco?”. Foi a partir dessa premissa que nasceu Entre Naipes, a história de Ragni, uma excêntrica e singular chapeleira de Wünderland, a terra das Maravilhas. 

Lucioli introduz o livro com uma história mirabolante sobre a formação dos reinos que são palco para suas aventuras. Ela conta sobre quatro rainhas gêmeas, que dividiram as terras da mãe entre si, dando a luz aos quatro naipes: Ouros, Copas, Paus e Espadas. Para a quinta e mais nova irmã, restou o caminho entre eles: um mundo misterioso de passagens, portas e prisões. A construção de mundo de Lucioli em muito me impressionou pela riqueza na apresentação de seu universo e pelas notórias distinções de ambientes entre os reinos, um fator que dá toda a magia à aventura de sua protagonista.

Ragni começa sua história sendo levada para o Reino de Ouros, onde se torna funcionária da cruel rainha Sigrid. A rainha de Ouros é uma suntuosa personagem com várias camadas e que surpreende a cada nova etapa da história, e devo dizer que ela chama muito a atenção do leitor, mas não é a única. Em seu trajeto, Ragni conhece diversas figuras que fazem brilhantes alusões aos elementos da história original de Lewis Carroll: Edda, a coelha; Cheshire, o gato; e diversos outros seres fantásticos. 

Em determinado momento, a chapeleira descobre, com a ajuda de Edda, que a rainha está envenenando-a, e juntas, decidem fugir do reino de Ouros, dando início à aventura. A amizade entre Ragni e a coelha é uma das relações favoritas pelos leitores e encanta pela parceria e pela proximidade com os trejeitos originais dos personagens. Mari Lucioli cativa com sua capacidade exímia e astuta de fazer metáforas e relações com a história de Carroll e mesmo assim criar um 

conto novo, autêntico e completamente único.

O romance no livro é sutil, mas não deixa de ser apaixonante. A história é uma fantasia e é mais focada

na aventura; porém, a relevância da conexão entre Ragni e Yuna não pode ser ignorada. São personagens estimadas e profundas, com um backstory interessantíssimo; e com certeza são a “cereja do bolo” para finalizar com maestria a obra prima que Lucioli criou. Na categoria “fantasia”, temos aqui uma jóia da literatura nacional.

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