Amores perdidos que voltam a se encontrar – resenha do “Querida Penelope”

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Eu já andava de olho no lançamento de Querida Penelope há algum tempo quando finalmente consegui minha cópia – diretamente entregue e autografada  pelas mãos da própria autora – na Bienal do Livro 2022. Devo admitir, minha atenção foi roubada por essa obra logo que pousei os olhos nas vibrantes cores da capa, que, caso você desconheça essa curiosidade, te conto que foram inspiradas nas bandeiras assexual e lésbica em referência às orientações das protagonistas.

A beleza da capa não foi tudo que chamou minha atenção: obviamente fiquei curiosa para saber como era o par romântico de Cleo, que todos diziam que era a minha encarnação por levar o meu nome – Marina – e ter um piercing na sobrancelha no mesmo lugar que o meu. Mas o mais importante sobre a apresentação de Querida Penelope – e o fator decisivo para me fazer decidir rodar a Bienal inteira atrás desse exemplar – foi a intrigante premissa de Arquelana, que eu já tinha lido algumas vezes nas redes sociais e me fez ficar obcecada com esse título.

Aqui vai a tour: Cleo, nossa protagonista, está com a vida em frangalhos desde que seu avô ficou doente e seu emprego não parecia ser o bastante para sanar as dívidas de seu tratamento. Para piorar, ela parece entrar em colapso quando, após um dia desastroso, ela tem um reencontro inesperado e completamente constrangedor com sua ex-namorada, a brilhante Marina Fonseca, que parece ter tudo sob controle na vida desde o término das duas. Sentindo-se completamente perdida e desesperada para retomar o controle de sua própria vida, Cleo Rodrigues embarca numa solução inesperada para ganhar dinheiro: escrever e traduzir cartas eróticas para figuras do judiciário brasileiro clandestinamente. Em dado momento, ela percebe que não dá conta da tarefa sozinha, e que vai ser obrigada a pedir a colaboração da última pessoa que ela deseja ver na Terra: Marina. 

Veja bem, talvez eu não tenha moral pra falar, tendo em vista que já deixei bem claro o meu favoritismo com a Marina, mas acontece que, para mim e para Cleo, ela é uma figura completamente instigante e arrebatadora. Cleo tenta ao máximo resistir às charmosas investidas da ex, que quer a todo custo se reaproximar, mas Marina é simplesmente cativante e muito sedutora, além de ser persuasiva. Neste encantador romance de Arquelana, autora também de Realidade Paralela e Aparentemente Noivos, Cleo embarca numa jornada de auto-aceitação, aprendizado, crescimento pessoal, e mergulha na fascinante aventura de (re)conhecer um amor que há muito havia sido dado como perdido, em busca de descobrir se antigas feridas podem (e valem a pena) ser curadas em nome de uma paixão que nunca morreu de fato. 

Publicado pela Qualis Editora, o livro de Arquelana apresenta com muita delicadeza uma combinação que é muito rara de se encontrar: o equilíbrio perfeito – perfeito mesmo! – entre cenas quentes (os famosos e adorados hots), a ternura de um amor gracioso e a tensão de discussões que só quem sofreu um relacionamento complicado consegue sentir. A história de Cleo e Marina é um deleite, o retrato de um relacionamento real e ao mesmo tempo uma poesia em forma de livro.

Querida Penelope é uma das obras mais cativantes que eu possuo na minha estante, que apesar de curta – 186 páginas – vale a pena em cada palavra brilhantemente costurada a fim de construir uma narrativa deleitável sobre reencontros, conexões e reescrever histórias para que não se perca aquilo que temos de mais importante na vida: o amor. Arquelana assina seu livro como “sua carta mais pessoal”, e ao receber seu abraço na Bienal de São Paulo, pude sentir todo o carinho investido nesse livro doce, leve e inspirador, que guardo com muito carinho na minha prateleira de favoritos pessoais.

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