A Parada de São Paulo, que teve inspiração em Stonewall, é considerada a maior do mundo ao atrair milhões de pessoas para celebrarem a multitude da sexualidade e da identidade de gênero
por Vitória Vasconcelos
Em um mês que celebra a diversidade de sexualidade e gênero, a ida de pessoas para a rua em meio a paradas, tomou um significado de resistência e orgulho de quem se é e quem se ama. No Brasil, as Paradas pelo Orgulho LGBTQIAPN+ acontecem em todos os estados e, dentre elas, a que mais chama atenção é a de São Paulo, que neste ano acontecerá mais uma vez na Avenida Paulista, no domingo, 22.
Operando como um evento anual e de importância internacional, a Parada do Orgulho de SP ocorre desde 1997 e tornou-se a maior no mundo, potencializando as vozes que fazem mudança na comunidade e trazendo figuras que lutaram pelos direitos de pessoas LGBTQIAPN+ tanto no Brasil quanto em outros países.

O que todos os anos reune milhões de pessoas se expressando na avenida, começou no dia 28 de junho de 1997 com uma passeata de ativistas da comunidade que foram conscientizar, dar visibilidade e lutar contra a discriminação. Naquele dia, quase três décadas atrás, 2 mil pessoas com músicas, faixas e manifestos por respeito fizeram história em prol da comunidade LGBTPIAN+.
A parada, que se inspirou em Stonewall, entrou para o Guinness Book como a maior do mundo ao reunir 4 milhões de pessoas para desfilarem e se fazerem vistos em 2011 e novamente em 2022. E, atualmente, é organizada pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) e a cada novo ano, as edições trazem temas que promovem a visibilidade e celebram a diversidade, enquanto reivindicam direitos.

Em 2025, a 29ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ traz o tema “Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro”. Resgatando e dando a devida importância para aqueles que lutaram para que os direitos da comunidade fossem criados e que todos merecem um envelhecimento digno e acolhedor.
Além de São Paulo, outras capitais ao redor do Brasil também fazem suas paradas pelo dia do orgulho. Sendo algumas delas Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Florianópolis.
A Revolta de Stonewall
Acontecida em 28 de junho de 1969 no bar Stonewall Inn em Nova York (NY), Estados Unidos, o evento é considerado um dos maiores marcos do ativismo pelos direitos das pessoas LGBT+. O local, que ficava no East Village, era um ponto para pessoas que eram marginalizadas se reunirem e passou a ser considerado nos anos 1960 como um dos mais conhecidos bares gays de NY.
Entretanto, na madrugada do dia 28, a polícia realizou uma batida em Stonewall, algo que era comum de ser feito em bares gays daquela área. Nove policiais entraram no ambiente alegando que estava acontecendo venda de bebida alcoólica e era proibido naquela área.
Ao todo 13 pessoas foram detidas e, em meio a violência das prisões, uma multidão que estava do lado de fora do Stonewall Inn e a polícia iniciaram um confronto que perdurou seis dias (de 28 junho à 3 de julho). Quando o último agente finalmente foi embora, a gerência do bar colocou uma placa indicando que na manhã seguinte funcionariam normalmente.

Essa demonstração de resistência, fez com que novamente os manifestantes da comunidade fossem às ruas para protestarem por seus direitos. O jornalista Lucian Truscott IV, durante uma reportagem feita sobre a revolta no jornal Village Voice, descreveu as manifestações. “Mãos dadas, beijos e poses acentuavam cada um dos aplausos com uma libertação homossexual que havia aparecido apenas fugazmente na rua antes”.
No ano de 2015, a Prefeitura de Nova York transformou o bar em um monumento histórico da cidade e, anos depois, o ex-presidente Barack Obama decretou o Stonewall Inn como o primeiro monumento nacional para a comunidade LGBTQIAPN+.
Serviço
29ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de São Paulo
Tema: Envelhecer LGBT+: Memória, resistência e futuro
Data: 22 de junho de 2025, domingo
Concentração: a partir das 10h
Local: Avenida Paulista – São Paulo, SP
Organização: APOLGBT-SP
Foto em destaque: Reprodução