Vitória Strada e Marcella Rica refletem sobre serem um casal de sucesso e relembram as “primeiras vezes”: ‘tipo perder a virgindade de novo’

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“Nunca tivemos uma relação tão saudável”, conta o casal em uma sessão de fotos para o jornal O Globo.

Fotos: Marcus Sabah

Muito apaixonadas, as atrizes se tornaram referência de casal feliz. Mas não foi tão simples assim assumir que estavam juntas: refletiram em como isso poderia influenciar em suas carreiras, em como seriam tratadas pelos fãs, na reação da família. A declaração oficial aconteceu há 2 anos e meio, cerca de 6 meses depois de começarem a namorar.  “Vários medos vêm à tona. E pensar sobre isso já é uma coisa ruim. Era para ser completamente natural, afinal, só estamos falando de amor. Há dez anos, eu jamais estaria aqui conversando sobre um relacionamento com outra mulher de maneira leve, sem esconder nada, como estou agora. Por muito tempo, isso foi considerado algo pejorativo, podia atrapalhar carreiras, ser alvo de haters. Não sabíamos que seríamos aceitas”, relembra Marcella. 

Esse é o terceiro relacionamento de Marcella com uma mulher (e o primeiro de Vitória), mas só o primeiro que teve coragem de expor, sem medos. “Já vivi momentos de muita dor por causa disso. De estar na mesma festa que a minha namorada e não poder chegar perto”, afirma. “Foi muito libertador e agradeço muito a Vitória por ter me estimulado a ir nesse caminho. Até então eu não falava da minha vida amorosa, sempre fugia, era um tema nebuloso. Assumimos juntas. E isso muda tudo. Estou inteira em todos os momentos. Nunca tive um relacionamento tão saudável”, completa.

Vitória relembra quando assumiram o namoro, a atriz interpretava a protagonista da novela “Espelho da vida” (2019), seu primeiro grande papel. E em 2020 ela esteve no elenco de “Salve-se quem puder”. “Confesso que achei que seria um caos quando contamos. Que as pessoas pensariam ‘meu Deus! A mocinha hétero da novela está namorando com uma mulher’. Mas, incrível, não sofremos preconceitos, nem perseguições”, diz.

Fotos: Marcus Sabah

A empresária artística Piny Montoro, que cuida da carreira de Vitória Strada, surpreende-se com a quantidade de pedidos de orçamentos de campanha de Dia dos Namorados que as duas recebem. Só no ano passado, foram 26. Este ano foram mais de 30. “Uma diferença brutal comparada a outros casais héteros famosos de que cuido e que receberam dois ou três”, compara. 

Em 2020, o casal venceu o prêmio de casal do ano em uma revista de celebridades, e não era uma categoria de casal LGBTQIA+, ambas acharam simbólico, pois Vitória relembra que anos atrás, no mesmo evento, havia ido fingindo estar solteira por receios de reações de  terceiros. “Ela também era conhecida e fizemos isso para nos proteger. Felizmente, as coisas melhoraram. É lindo quando, hoje, Vitória e eu somos paradas na rua para receber elogios pelo nosso amor”. 

 

 

Influência e inspiração para outras mulheres se assumirem

Atualmente quanto mais seguras ficam em demonstrar o seu amor, mais caminhos abrem para outras meninas que ainda não conseguiram se assumir. “As histórias sempre nos emocionam. Somos duas mulheres femininas, derrubamos a ideia de que só mulher masculinizada gosta de outra mulher. Existe algo mais absurdo do que a pergunta ‘quem é o homem da relação’?”, dispara Marcella. 

O casal começou a conversar através do Instagram. Vitória seguiu Marcella e depois de algumas mensagens e likes trocados acabaram se esbarrando em um evento de amigos em comum. “Eu me perguntava: será que ela sabe que fico com homens e mulheres? Sempre achei que poderia rolar, afinal somos de uma geração sem tantas questões sobre isso e a maioria das pessoas do nosso convívio é bissexual”, diz Marcella. “Mas acabamos ficando bem amigas, apesar de eu tentar sempre deixar claro o meu interesse. No dia em que eu me conformei que tinha entrado na friendzone, Vitória me beijou.” Foi no carro, saindo de um evento. 

A atriz apesar de nunca ter ficado com mulheres e estar confusa com seus sentimentos, tomou a iniciativa. “Eu até cogitava beijar uma mulher. Mas não imaginava namorar uma. Beijei Marcella porque já estava apaixonada. Mas no começo ainda não conseguia identificar a diferença entre atração e amizade. Ela vinha de outros relacionamentos, eu estava descobrindo esse sentimento, tentando entender o que se passava. O beijo, o sexo, tudo veio como se fosse uma primeira vez, uma estreia, tipo perder a virgindade de novo”, conta Vitória. O romance engrenou, ainda que de maneira discreta, por seis meses, mas logo se tornou público.

A coragem de contar ao mundo veio depois que viram a atriz e amiga Nanda Costa assumindo seu namoro com a percussionista Lan Lanh. Foi há exatos quatro anos, em um Dia dos Namorados. “Me deu tanta vontade de fazer o mesmo naquela data, naquele dia”, lembra Marcella. Nanda Costa conta que esse movimento de uma dar força para a outra é muito importante. “Fico muito feliz toda vez que vejo outros casais falando abertamente, sem medos. Isso é um avanço. Há bem pouco tempo não se via uma atriz assumidamente lésbica em capa de revista. Isso dá força para que venham outras”, diz Nanda. “Quem fez isso antes de mim foi a Bruna (Linzmeyer). Foi inspirador. Fico orgulhosa em saber que eu e a Lan também ajudamos a Marcella e a Vitória a assumirem o amor delas. Que esse movimento siga adiante.”

A vida de casal 

Após começarem a ficar, logo já dormiam juntas. Até que começou a não fazer sentido ter duas casas. Um pouco antes da pandemia, Vitória sugeriu oficializar que viveriam no mesmo lar. Marcella aceitou e há um ano e meio elas tentam decorar a nova casa. “Enquanto somos complementares na comida (eu gosto da calda e ela do recheio do bolo), na decoração não funcionamos. Quase nos separamos na hora de decidir a combinação dos quadros da sala”, brinca Vitória. Isso abalou os planos de se casarem. Elas são noivas há um ano, mas até agora nada de festa marcada. “Não sabemos se faremos algo micro, tipo casar em Vegas, ou enorme, com todos os nossos amigos. Como não definimos nada, estamos enrolando”, adianta Marcella. Independentemente da celebração, elas contam que o que importa é a parceria na rotina e destacam que nunca se sentiram tão apoiadas em suas carreiras. “Tem relacionamentos que fazem a nossa vida estagnar. Com a gente é diferente: nos impulsionamos”, conta Marcella. A namorada completa: “Mostramos nossas vulnerabilidades sem medo”

Sobre filhos, o casal quer ter sim, mas não agora. “Quero muito, mas não agora. Vou me estruturar para conseguir viver a maternidade com calma. É um plano para o futuro. Penso em congelar óvulos, depois dos 30 é uma questão que começamos a ter. Vamos definir juntas quando será o melhor momento”, comenta Marcella. 

E o Dia dos Namorados como será? Elas ainda não contam. Mas são boas surpresas. Quando comemoraram três anos de namoro, foi Vitória quem fez. Convidou Marcella para dormir no Copacabana Palace e contratou um avião para voar na Praia de Copacabana, em frente da janela da suíte, com a faixa “Marcella Rica, eu te amo”. Ah, o amor!

Fonte: O Globo

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