Ao transformar temas sociais em sátiras medievais, o projeto constrói um ambiente cativante e acessível, representando uma nova era de storytelling inclusivo e inovador
Por Lesbocine
A série, que transforma temas sociais em sátiras medievais com personagens aquileanos, sáficos, trans e do espectro aro-ace, vem sendo premiada internacionalmente e recentemente venceu as categorias “Best Fantasy/Sci-Fi/Horror Series”, “Best Writing for Fantasy/Sci-Fi/Horror Series” e “Best Ensemble Cast – Sci-Fi/Fantasy/Horror/Mystery/Thriller /Action” do Baltimore Next Media Web Fest 2024.
Das seis indicações, essas três acrescentam uma contagem de nove prêmios internacionais que “Desaventureiros” recebeu neste ano, consagrando uma websérie destacada no cenário audiovisual brasileiro e estrangeiro, que une cultura pop, representatividade e RPG com um toque de humor inteligente.
Dentre uma gama de personagens com diferentes personalidades, estilos, trejeitos e sexualidades, destacam-se a elfa Shi (bissexual) e a taverneira Joana (pansexual) que estão em um relacionamento não monogâmico com o anão comunista Touro Vegano. O trisal tem início em meio a uma disputa entre Shi e Touro por Joana, depois os três engatam uma relação que se mantém firme na segunda temporada e se abala no início da terceira, mas reatando na season finale.
Outros ícones sáficos de “Desaventureiros” são Shura, uma paladina da Deusa que é lésbica, e Vicky, uma aventureira bissexual e arromântica, ambas apresentadas na segunda temporada. Shura recebe mais relevância na terceira temporada, por sobreviver ao desastre que se sucedeu no final da temporada dois, e logo no começo se nota uma aproximação entre ela e Geburath, personagem pansexual e agênero.
Já Vicky é uma das personagens mais importantes da série e está sempre ocupada sendo a Melhor Aventureira, apesar de que logo no primeiro episódio que ela aparece, é revelado que ela se interessa por qualquer gênero, apesar de não desenvolver apego emocional.
RPG e a importância dele na trama
Os RPGs sempre foram uma ferramenta poderosa para explorar novos mundos e perspectivas. Para jogadores LGBTQIAP+, interpretar personagens que refletem suas vivências ou desafiam normas sociais pode ser transformador. O RPG, tanto na mesa quanto no digital, é um espaço de experimentação criativa e autodescoberta. No entanto, nem sempre a inclusão foi prioridade e por isso esse projeto da Maré Geek é tão importante para a comunidade, que não se vê representada nesses espaços.
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