Produção espanhola já figura entre as 10 séries mais assistidas no Brasil, reflexo da combinação entre um roteiro envolvente e um elenco carismático
Por Rayanne Tovar
Entre figurinos impecáveis, diálogos espirituosos e convenções sociais rígidas, “Dama de Companhia” (“Manual para Señoritas”) chegou ao catálogo da Netflix em 28 de março e rapidamente conquistou seu espaço. Além de também receber o carinho do público sáfico com um romance entre mulheres construído com sensibilidade e desejo.
A trama principal se desenrola na Madri do final do século XIX, acompanhando Elena Bianda (Nadia de Santiago, de Las Telefonistas), dama de companhia respeitada por sua habilidade em preparar jovens da alta sociedade para casamentos vantajosos. Ao ser contratada pela influente família Mencía para orientar três irmãs, é aí que sua vida começa a mudar.
Enquanto seguimos a jornada de Elena Bianda com as irmãs Mencía, a série também se aprofunda nas histórias de duas de suas amigas mais próximas — que, assim como ela, trabalham como damas de companhia. E, é aí que encontraremos nosso casal.

É com as personagens secundárias que a série conquista de vez o coração do público sáfico: o romance entre Esther Zapico (Candela Pradas), jovem rica e amiga da família Mencía, e sua dama de companhia Josefina, interpretada por Paula Usero — conhecida por seu trabalho no casal “Luimelia”.
A relação entre Esther e Josefina começa de forma sutil, com olhares desviados, críticas a pretendentes e silêncios significativos. O subtexto, aos poucos, se torna texto: em uma conversa direta, Esther questiona os sentimentos de Josefina — e o que segue é uma confirmação mútua, marcada por beijos, carícias e uma intimidade que ganha corpo ao longo da temporada. A química entre as atrizes é inegável, e mesmo com tempo de tela limitado, o casal se destaca com força.
Um ponto de tensão surge quando o pretendente de Esther começa a suspeitar do vínculo entre as duas. Em vez de reagir com escândalo, ele sugere uma solução “alternativa” que beira o incômodo: aceita se casar com Esther mesmo sabendo de sua paixão por Josefina. A série, então, flerta com um possível triângulo amoroso que levanta uma pergunta incômoda — será mais uma história em que duas mulheres só podem se amar se um homem estiver no meio?

Felizmente, o episódio final encerra com a palavra “Continua…”, indicando que uma segunda temporada está por vir — e com ela, a esperança de que a série aprofunde ainda mais esse romance sáfico com autonomia e protagonismo.
Com um estilo que dialoga com produções como “Bridgerton” e “The Buccaneers”, “Dama de Companhia” se destaca por seu equilíbrio entre comédia leve, crítica social e relações afetivas genuínas.
Foto em destaque: Reprodução: “Dama de Companhia”