Parte do catálogo da Netflix, “Rivalidade Amigável” muda nosso jeito de ver competições pela maior nota

Crítica Entretenimento Girls Love Netflix Séries Séries Netflix

A nova série da U+ Mobile TV tem causado um alvoroço entre a comunidade GL

Por Cecília Lopes

“Rivalidade Amigável” é um exemplo perfeito de como é possível criar um thriller social com uma trama romântica cativante. A série equilibra tensão e tesão em uma representação do amor sáfico que atravessa diversas questões sociais que afetam as mulheres coreanas hoje.

Adaptado de um webtoon criado pela escritora Song Chae-yoon, o drama segue a história de Woo Seul-gi, uma jovem que sofre com estigma de ser órfã na Coréia do Sul, e consegue se destacar nos estudos com a ajuda de drogas para Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

A vida de Seul-gi (Chung Soo-bin) muda de rumo quando ela é transferida para a escola de prestígio Chaehwa Girl’s High School, e captura a atenção de Woo Jae-yi (Lee Hye-ri), a garota mais inteligente da escola.

Foto: Reprodução

Jae-yi é rica, bela e está no topo da pirâmide social, mas por trás de sua vida aparentemente perfeita, há uma podridão que reflete as piores facetas da sociedade sul-coreana. O que começa como um conto de Cinderela, onde Seul-gi conhece uma princesa disposta a fazer tudo por ela, rapidamente se torna uma trama de suspense, com um romance obsessivo que encanta o espectador, mesmo contando com uma colher de toxicidade.

A rivalidade feminina é um aspecto muito presente na narrativa. Cho Gyung (Oh Woori) e Ju Y-eri (Kang Hye-Won), as melhores amigas de Jae-yi, competem constantemente com ela, não só para provar quem tem as melhores notas, mas também para ver quem é a mais bonita, sem cirurgia plástica.

Esta dinâmica revela a verdade por trás das expectativas de excelência feminina na Coreia do Sul: não basta ser inteligente, você também precisa ser bonita. Para as mulheres, o verdadeiro status só pode ser alcançado com o boletim perfeito, o corpo perfeito e a conta bancária perfeita. E este ideal lentamente destrói a vida de nossas protagonistas à medida que elas falham em atingi-lo.

O caráter erótico das amizades femininas co-dependentes também é explorado na série.

Foto: Reprodução

Primeiramente, quando Jae-yi está se aproximando de Seul-gi, suas amigas pensam que isso se dá por que ela considera Seul-gi sua rival e quer destruí-la. O interesse romântico de Jae-yi por Seul-gi então é normalizado pela ideia que não se passa de uma rivalidade feminina. Esta noção faz com que, dentro da narrativa, a amizade seja caracterizada como uma forma de violência, algo que te dá acesso ao coração de alguém para machucá-lo.

Jae-yi seduz Seul-gi usando todos os clichês de uma amizade de infância, pedindo para ela dormir na casa dela e emprestando suas roupas, mas eventualmente este afeto inocente também se mostra como um tipo de controle.

Em suma, o que faz “Rivalidade Amigável” tão desnorteante é a honestidade brutal do enredo, que não tem medo de representar a realidade doentia, tesuda e cruel de ser uma garota adolescente.

Foto em destaque: Divulgação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *