“Cinco Júlias”, de Matheus Souza: um clichê nacional fascinante

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Hoje a resenha é de um livro nacional, o primeiro de Matheus Souza, conhecido principalmente pelo seu longa “Apenas o Fim” (2008), pelo qual recebeu o prêmio de Melhor Filme do júri popular no Festival do Rio. Ele também escreveu e dirigiu um dos nossos queridinhos, o longa “Ana e Vitória”, um filme que aborda com fluidez a temática de relacionamentos e com protagonismo LGBTQIA+ (spoiler: ele é estrelado pelo duo Anavitória e pela cantora Clarissa, forte referência para a comunidade dentro da música).

Posto isso sobre o autor, comecemos pela trama. A premissa parece batida quando se lê a sinopse: um site chamado uLeaked aparece do dia para a noite e vaza conversas privadas de todos os usuários de redes sociais do Rio de Janeiro. Parece que você já ouviu essa história antes, né? Mas “Cinco Júlias” vai muito além disso.

Tudo começa quando cinco meninas com o mesmo nome são reunidas em um acidente numa noite chuvosa após o vazamento dos dados, e dado o incidente, decidem partir juntas para São Paulo, cada uma com um objetivo. A coincidência é suficiente para fazer com que elas, tão diferentes em personalidade, vivência, etnia e orientação sexual, decidam dar uma chance ao destino e confiar umas nas outras para transformar suas vidas numa cidade diferente.

“Cinco Júlias” traz personagens cativantes com as quais é fácil se identificar. Eu, por exemplo, me apaixonei pela Júlia 1 (sim, elas se diferenciam por números, já que todas aparentemente possuem o mesmo nome), que assim como eu, AMA Grey’s Anatomy e se inspira na showrunner Shonda Rhimes para, um dia, se tornar escritora. O livro é cheio de referências contemporâneas e citações com as quais qualquer estudante brasileiro vai se relacionar. É uma leitura leve, fluida, e bastante divertida para quem procura uma história rápida, mas carregada de emoções. E para quem é fã das produções da Shonda Rhimes e das composições da Taylor Swift, tenho certeza que vai se identificar com pelo menos uma das Júlias neste livro. “Você não quer que a sua vida vire a porra de uma música da Taylor Swift? Você acha que a Taylor Swift fica trancada em casa? Ou sai pra viver a vida e ter material para música nova?”.

Nota: há muitas outras referências cômicas para quem é fã de carteirinha da cantora. Na real, acho que foi por isso que me deram este livro de presente. Aliás, foi um presente da @livresenhas (ela vive fazendo indicação de livros sáficos no Instagram, vale a pena seguir).

O romance não é o ponto principal do livro, mas acaba sendo muito significativo para a história, uma vez que acompanhamos toda a trajetória de uma das Júlias em relação à sua auto descoberta e aceitação de sua orientação sexual.

“Que engraçado beijar uma menina. O rosto dela é macio que nem o meu (…). Parece que tô beijando um pudim”. A relação da Júlia em questão com outra personagem (que eu não vou falar quem é, vai lá e lê o livro pra descobrir) não deixa de ser uma envolvente história, bastante emocionante e cheia de reviravoltas. Recomendaria para um público +14, apesar de não haverem muitos gatilhos.

“Cinco Júlias” é, em si, cheio de reviravoltas. Embora o que mais me chame a atenção nessa história seja o profundo desenvolvimento e a evolução das personagens, sua parte mais genial é o epílogo. Com um final de tirar o fôlego, o primeiro livro de Matheus Souza sem dúvida vai te fazer rir, chorar e querer mais dessa história que, com certeza, é uma representação brilhante da literatura LGBTQIA+ brasileira.

 

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