A escolha de agosto e do tema “Visíveis e Infinitas” ocorreu como forma de reiterar a luta pela comunidade lésbica e ser terreno para que esse tipo de amor florescesse em meio a tanto apagamento histórico
por Vitória Vasconcelos
For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, encerra mais um ano celebrando a diversidade LGBTQIAPN+ no audiovisual brasileiro e internacional. Com quase duas décadas de festival, a edição deste ano, que aconteceu no mês do Orgulho Lésbico no Dragão do Mar, finalizou nesta sexta-feira, 29, após sete dias de filmes, shows e oficinas.
Assessorado por instituições governamentais e não-governamentais de apoio à cultura, como a Prefeitura de Fortaleza, o Governo do Estado do Ceará, Ministério da Cultura, HUB Cultural Porto Dragão, Biblioteca Estadual do Ceará (BECE), Dragão do Mar, dentre outros, o For Rainbow é sinônimo de resistência e pluralidade no Brasil e em outros países.
A Secretária da Diversidade do Estado do Ceará, Mitchelle Benevides Meira, reiterou a importância do For Rainbow enquanto uma celebração da existência de pessoas LGBTQIAPN+. “Esse festival, para a gente, representa muito. Ele nos traz uma celebração de resistência e afirmação da nossa existência”, compartilhou.

Com o tema “Visíveis e Infinitas”, o 19º ano do festival ocorreu em pleno mês lésbico como forma de dar visibilidade às mulheres dissidentes e mostrar que a luta delas ocorre de forma democrática, plural e diversa.
No evento de abertura, que aconteceu na sexta-feira, 22, o For Rainbow premiou quatro mulheres, com o Troféu Artur Guedes, pelo trabalho delas em prol da defesa dos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ durante os seus mandatos. As homenageadas foram as Vereadoras Mari Lacerda, Adriana Almeida, Adriana Gerônimo e Larissa Gaspar.

Para a idealizadora do For Rainbow, Verônica Guedes, essa edição do festival foi feita em agosto para tirar da margem as mulheres lésbicas. “Entre a população LGBT, as lésbicas são as mais invisibilizadas e, até entre nós, às vezes a gente acaba fazendo isso. Então quisemos prestar essa homenagem para as mulheres dissidentes e também, mais uma vez, trazer essas artistas”, discursou na abertura.

O longa-metragem “Explode São Paulo, Gil”, da diretora Maria Clara Escobar, foi o filme de abertura do festival este ano. Contando a história de Gil, que sempre quis ser cantora e se mudou para São Paulo com a esposa quando tinha 20 anos, o filme mostra a trajetória dela para se tornar famosa, além das suas reflexões, sonhos, trabalho e o esquecimento.
Maria Clara contou ao Lesbocine que a sensação de ser a diretora do filme de abertura foi uma mistura de alegria e tensão pela importância do evento. “Eu estou muito feliz de estar neste festival, ele é maravilhoso e é o 19º ano de um festival de resistência. E o filme é isso, ele é sobre resistência de ser, mas também dentro do audiovisual ao ocupar espaços e batalhar por outras formas de narrar”, compartilhou.

Durante a semana seguinte, até o dia do encerramento, o festival montou uma grade de oficinas das mais variadas, que iam desde de aulas de ballroom à oficinas de maquiagem para o cinema, além de feiras empreendedoras, lançamentos de livros e shows com artistas importantes na cena.
A sala de cinema do Dragão do Mar, também ficou lotada com as sessões de longas e curtas-metragens ofertadas aos espectadores presentes. Neste ano, os vencedores da categoria curta-metragem receberam um prêmio de 5 mil reais e o da categoria longa-metragem receberam 10 mil reais, além disso também lhes foi entregue o Troféu Elke Maravilha.
Filmes premiados
Longa-metragem
Melhor Filme: “As Primeiras”, de Adriana Yañez
Melhor Direção: André Antônio, de “Salomé”
Melhor Roteiro: Adriana Yañez, de “As Primeiras”
Melhor Atriz: Gil, de “Explode São Paulo, Gil” (Brasil) e Agnes Geneva, de “Meu Nome É Agnes” (Países Baixos)
Melhor Ator: Lucas Drummond, de “Apenas Coisas Boas”
Melhor Fotografia: Linga Acácio, de “Salomé”
Melhor Direção de Arte: Marcus Takatsuka, de “Apenas Coisas Boas”
Melhor Som: “Planeta B de Brigitte”
Melhor Trilha Sonora: S’yo Fang, de “Meu Nome É Agnes”
Melhor Edição: Ian Capillé, Maria Clara Escobar e Joana Luz, de “Explode São Paulo, Gil”
Curta-metragem
Melhor Filme: “Vacas Brancas Preguiçosas”, de Asaph Luccas
Melhor Direção: Asaph Luccas, de “Vacas Brancas Preguiçosas”
Melhor Roteiro: João Fontenele, de “Peixe Morto”
Melhor Atriz: Mavi Lucena, de “Vacas Brancas Preguiçosas”
Melhor Ator: Victor di Marco, de “Zagênero”
Melhor Fotografia: Guilherme Tostes, de “Carne Fresca”
Melhor Direção de Arte: Fernanda Teixeira, de “Se Eu Tô Aqui É Por Acaso”
Melhor Som: “Carne Fresca”
Melhor Trilha Sonora: “Ponto e Vírgula”
Melhor Edição: Tuvana Simin Günay, de “Oi Mãe, Sou Eu, Lou Lou”
Premiação Mostra Feminino Plural
Melhor Filme: “Razão (Kotowari)”, de Coralie Watanabe Prosper
Menção Honrosa: “Anastácia”, de Lilih Curi
Premiação Mostra Cearense
Melhor Filme: “Quebramar”, de Carol Honor e Lucas Ranyere
Menção Honrosa: “Tiramisú”, de Leônidas Oliveira
Premiação Júri da Crítica
Melhor Longa-Metragem: “As Primeiras”, de Adriana Yañez
Melhor Curta-Metragem: “Zagênero”, de Victor Di Marco e Marcio Picoli

No fim de mais uma edição, o For Rainbow mostrou a importância da narrativa e da presença de histórias lésbicas na comunidade LGBTQIAPN+. Que a temática “Visíveis e Infinitas” foi um espaço para que tantas vozes, antes caladas historicamente, pudessem florescer com amor, liberdade, cor, desejo, coragem e representatividade.
Foto em destaque: Reprodução: Website For Rainbow