Estrelas de “She-Ra e as Princesas do Poder” refletem sobre o maior romance da animação da TV

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Dois anos depois que o programa terminou sua exibição na Netflix, a EW conversou com o showrunner ND Stevenson e as atrizes Aimee Carrero e AJ Michalka para discutir o poder da Catradora.

A animação nem sempre tem tempo para romance. Personagens de desenhos animados geralmente estão muito ocupados sendo super-heróis ou aprendendo magia para ter tempo para o amor. Mas a razão pela qual She-Ra e as Princesas do Poder é a única série animada representada na nova contagem regressiva dos 100 melhores romances de TV da EW é porque a história de amor entre a heroína Adora (Aimee Carrero) e sua antiga melhor amiga Catra (AJ Michalka) é fundamental para toda a série.

Tanto Adora quanto Catra eram órfãs criadas juntas pelo vil exército da Horda. Crescendo, elas foram ensinadas apenas a conquistar. Mas quando Adora encontra a Espada de Proteção e ganha o poder de se transformar na heroína mágica She-Ra, ela percebe que a Horda está errada e decide ajudar os reinos de Etheria contra eles. Enfurecida e amargurada por esta traição, Catra decide servir à Horda, e as duas ex-amigas passam a maior parte da série em desacordo.

A natureza final de seu relacionamento foi um segredo bem guardado durante toda a produção da série, o criador e showrunner ND Stevenson disse à EW. Mas agora que se passaram dois anos desde que a temporada final do programa da DreamWorks Animation chegou à Netflix, a EW decidiu celebrar a cobertura de romance este mês reunindo Carrero, Michalka e Stevenson para discutir a beleza e a importância de Catradora.

SHE-RA AND THE PRINCESSES OF POWERSeason 1CR: Netflix
Catra (AJ Michalka) e Adora/She-Ra (Aimee Carrero) em ‘She-Ra e as Princesas do Poder’.  | CRÉDITO: NETFLIX

ENTERTAINMENT WEEKLY: Qual é a primeira coisa que vem à mente quando você pensa em She-Ra e as Princesas do Poder e a relação entre Catra e Adora?

ND STEVENSON: Para mim, foi como ter esse plano secreto por muito tempo. Agora, muitas pessoas sabem disso. É apenas uma parte da vida agora, é uma parte do mundo. É simplesmente louco pensar em quanto tempo levou para realmente trazer isso para a tela.

AJ MICHALKA: Eu diria que o engajamento dos fãs é o que mais me atrai. Este programa tem verdadeira longevidade. É incrível, a maioria das séries vem e vai, pode haver um grande splash por um momento e então as coisas vão fluindo e as pessoas seguem em frente, mas eu realmente consegui ver um envolvimento consistente com os fãs. Acho que é a importância da inclusão e da escrita alegre. Há apenas algo sobre ela que é triunfante e comemorativo, e eu precisava disso em um momento de tristeza, confusão e desespero.

AIMEE CARRERO: Eu acho que o que eu acrescentaria a isso é ter sido fã de muitos grandes romances de TV no passado – como eu amava Mulder e Scully, eu amava Xena e Gabrielle – eu acho que a reação da audiência definitivamente foi como eu me senti antes como uma fã. É como um raio em uma garrafa. Acontece que ND inventou essa história de amor perfeita entre muito folclore e incrível complexidade na mitologia da série. A história de amor, em particular, apenas deixou uma impressão. E como AJ estava dizendo, veio na hora perfeita. Eu já disse isso antes, mas parece um presente que continua me surpreendendo.

Como você estava dizendo AJ, o programa poderia ser animador e positivo, mas todos vocês também não tinham medo de ficar sombrios. Há momentos em que a diferença entre Catra e Adora parecia intransponível, e depois há toda a coisa robótica horrível da mente colmeia na temporada final. Portanto, a positividade e a elevação realmente parecem merecidas.

MICHALKA: É definitivamente merecido. Leva um momento para chegar lá. A vida não é preto e branco, então obviamente haverá turbulência e os relacionamentos serão quebrados antes de serem consertados, mas acho que é isso que é tão bom nessa resolução final.

STEVENSON: Eu amo isso porque me lembro dos fãs imediatamente pegando Catra e Adora desde o primeiro screencap que vazou antes da primeira temporada sair, apenas as duas sentadas uma ao lado da outra. Todo mundo estava tipo, “ooh, quem são elas?” Então, anos depois, durante os momentos difíceis, lembro das pessoas dizendo “está tudo bem, ainda acreditamos! Mas está ficando muito mais difícil…”

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Catra (AJ Michalka) e Adora (Aimee Carrero) em ‘She-Ra e as Princesas do Poder.’  | CRÉDITO: NETFLIX

Dado o que você estava dizendo sobre manter o segredo por tanto tempo – quando você revelou a verdade para Aimee e AJ?

MICHALKA: Lembro-me de guardar a informação por muito tempo. Eu queria tanto contar às pessoas porque víamos a reação quando havia uma nova temporada e o público ficava tipo, “será essa a temporada? Será essa a temporada?” E eu ficava tipo, “você nem imagina.” Então eu me lembro de guardar [o segredo] por um longo tempo. Alguma vez tivemos uma conversa sobre para onde vamos? Eu não me lembro.

STEVENSON: Eu acho que acabei despejando em vocês, honestamente. Eu estava realmente com medo de que as pessoas descobrissem, porque eu ficava pensando que eles iam me dizer para tirá-lo. Então, mesmo quando eles diziam “não, você pode fazer isso”, eu ainda era muito cautelose em relação a isso, mesmo quando se tratava de dar a vocês todas as peças do que estava acontecendo.

Falando nisso – na animação de 2010, havia vários romances queer implícitos que talvez fossem mais ou menos abertamente insinuados, mas nem sempre explicitamente. O que você diria que é tão importante sobre ter o romance Catradora explícito e fazer com que elas tenham aquela catarse romântica no final, em vez de apenas dizer: “Ah, podemos sugerir isso e as pessoas que sabem o que procurar vão conseguir”?

STEVENSON: Obviamente, eu tenho muitos sentimentos sobre isso como showrunner e escritore queer, mas eu realmente senti que na época, estávamos recebendo muitos desses casais queer realmente incríveis e implícitos, especialmente em animações. Muito disso saía, provavelmente, de artista de storyboard ou um escritor que era queer, mas que não era muito veterano no programa, colocando algo pelo qual eles eram apaixonados, na série. É por isso que temos coisas como Marceline e Princesa Jujuba. Era alguém que se arriscava ou tinha esse interesse e estava defendendo isso da posição que eles tinham – não como produtor ou escritor principal ou qualquer coisa assim.

Catra e Adora são especialmente importantes para mim porque é a história que continuo contando repetidamente em todas as coisas diferentes das quais fiz parte: Vocês estão super próximas, depois desmoronam e depois voltam a se juntar. Mas parecia que estávamos em um momento em que havia essas pessoas que se arriscaram para trazer esses personagens queer à tona da maneira limitada que podiam. Eu queria pegar esse impulso e correr com ele o mais longe que pudesse. Eu não sabia se isso levaria ao que Catradora acabou sendo no longo prazo, onde é tão grande e tão explícito, mas eu queria tentar. Eu queria fazer o melhor que pudesse para tentar fazer isso acontecer.

CARRERO: Correndo o risco de fazer um elogio na sua cara, ND, acho que é isso que faz de você um escritor tão brilhante. Há essa lufada de ar fresco, e é bom dar um lugar de importância à verdade emocional dos personagens. Muitas vezes, especialmente na cultura da TV que eu cresci assistindo, esse não era o caso. Muito [dessa cultura] era, “bem, o herói não pode se incomodar com uma história de amor porque o herói tem outras coisas para fazer, esta é uma série processual e não temos tempo para isso” ou qualquer outra coisa. Isso era o máximo que acontecia e então o romance foi relegado ao fandom.

Então é maravilhoso e brilhante, e eu posso continuar falando sobre o talento de ND por décadas, que ele não apenas estava comprometido em imortalizar, de certa forma, esse relacionamento, mas também apenas dando a ele a devida importância na história e na formação. de um herói. Esta é uma parte muito importante da vida de Adora e nem tudo é trabalho. Talvez isso também seja um desejo milenar, de lembrar às pessoas que você também está aqui para viver e não apenas para trabalhar.

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Catra (AJ Michalka) e Adora (Aimee Carrero) em ‘She-Ra e as Princesas do Poder.’  | CRÉDITO: NETFLIX

Aimee e AJ, houve alguma maneira particular de vocês interpretarem cenas entre Adora e Catra de forma diferente do que talvez suas cenas com outros personagens? Sempre parecia que Catra tinha um efeito em Adora diferente de qualquer outro personagem e vice-versa.

CARRERO: Por muito tempo, era tipo, a única coisa que Adora precisava de Catra, era a única coisa que Catra não podia dar a ela. E a única coisa que Catra precisava de Adora, era a única coisa que Adora não podia dar a ela. Elas estavam presas nessa dança. Às vezes ficava muito violento, fisicamente e também emocionalmente, até que elas descobriram uma maneira de dizer: “não, não, não. Na verdade, não é sua responsabilidade garantir que eu sinta isso o tempo todo. Eu tenho que estar no comando da minha própria felicidade.” Aquelas coisas que aprendemos na terapia.

Então, em um tom mais básico, gosto de pensar que AJ e eu temos uma química natural. Gosto muito dela como pessoa. Ela é muito fácil de ter conversas profundas. É da mesma forma com ela atuando também. Então você imediatamente sente uma intimidade lá.

MICHALKA: Isso é muito fofo. Eu me sinto da mesma forma. Aimee e eu temos uma química embutida que realmente funcionou com muitas das cenas. Acho que a abordagem não muda, mas você percebe que cresce como atriz enquanto trabalha em um projeto. Eu nunca tinha interpretado uma vilã antes, então quanto mais eu conseguia interpretar Catra, mais eu conseguia desenvolver, o que exatamente essa garota está realmente passando? E por que ela se sente do jeito que ela se sente? Muito disso é psicologia para iniciantes.

Eu acho que algumas das cenas de batalha emocional entre Adora e Catra, do ponto de vista da atuação, são como, “tudo bem, eu tenho muito trabalho a fazer e vou abordar tudo e vamos ver o que acontece, mas a escrita é ótima e estou trabalhando com um ator em quem confio, e posso estar extremamente vulnerável neste momento.” Muitas vezes na cabine, você acaba chorando. Houve momentos em que Aimee e eu nos olhávamos e estávamos chorando. Isso realmente alimenta o trabalho e é natural, simplesmente acontece. Então sim, é muito legal. Eu acho que é tudo sobre as pessoas com quem você trabalha e o talento ao seu redor faz com que todos estejam à altura da ocasião.

STEVENSON: Eu só queria acrescentar isso porque sinto que houve algumas vezes em que eu realmente quis Aimee e AJ juntas na cabine, mas ambas estavam super ocupadas, então nem sempre conseguimos fazer funcionar. Mas eu sempre ficava impressionade com a forma como, mesmo quando não tínhamos as duas ao mesmo tempo, elas pareciam estar lendo uma da outra. Elas pareciam estar brincando uma com a outra de uma maneira que eu fiquei tipo, “Isso é meio assustador. Tivemos AJ na semana passada, tivemos Aimee esta semana. Como Aimee sabe o que AJ fez?” E parte disso é a nossa incrível diretora de voz Mary McGlynn, ela é incrível e ótima para atuar também. Mas era algo em que eu pensava: “A química está aqui, mesmo que elas não estejam na mesma sala juntas”.

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Catra (AJ Michalka) e Adora (Aimee Carrero) em ‘She-Ra e as Princesas do Poder.’  | CRÉDITO: NETFLIX
Vocês têm algum momento ou cena favorita em particular do relacionamento de Catra e Adora que ainda não falamos?

MICHALKA: Talvez isso seja uma coisa minha, mas eu adoro quando há uma situação complicada como, “elas vão brigar ou vão se beijar? Não sei dizer.” E então eu amo aqueles momentos entre Catra e Adora onde é tipo, a tensão tem que ser quebrada de alguma forma, certo? Ou elas vão dar uma surra uma na outra ou vão fazer sexo. Nós não sabemos. E então eu amei o tango no baile.

CARRERO: É engraçado você dizer isso porque o Baile das Princesas realmente se destaca para mim como um dos meus momentos favoritos. É tão cedo [na série], mas é tão revelador sobre o que o futuro poderia ser para elas.

STEVENSON: Demorou tanto para ser feito, mas “Save the Cat” é um episódio que eu queria escrever há anos, mesmo antes de She-Ra realmente ser uma coisa para mim. Era algo que eu tinha lançado no primeiro programa em que trabalhei, que não era completamente o tom deste, mas na minha cabeça eu estava tipo, “Eu posso ver esse melodrama de ópera espacial”. Então era algo em que eu estava sempre pensando. Sou eu no meu eu mais auto-indulgente tipo, “vamos realmente colocá-las nessa situação fodida e depois todo mundo estará chorando e se abraçando”. Tudo isso é só merda minha. Então todo aquele episódio, quando eu finalmente consegui escrevê-lo… bem, na verdade foi mais difícil escrever do que eu pensei que seria porque eu estava antecipando isso por tanto tempo.

Nesse episódio, não apenas essas duas me levaram às lágrimas, mas o momento em que Catra acorda nos braços [de Adora] e diz: “Ei, Adora”, pela primeira vez depois de sair da mente colmeia. E eu fiquei tipo, “Ahh.” Eu fiquei todo arrepiado, eu tinha lágrimas nos meus olhos. É algo que eu sinto que os espectadores precisam por tanto tempo e é finalmente aquele momento que é como, “Vai ficar tudo bem”. Então, sim, eu acho que essa é a minha parte favorita.

Tradução: Lesbocine

Fonte: EW

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