Crítica| Crush: uma comédia delicada, fofa e confortável de assistir

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A melhor parte de Crush é que ele não é um filme inovador em sua narrativa, nem em suas protagonistas. E eu digo isso com toda a sinceridade do mundo, porque a questão é que nós, como pessoas queer, queremos nos ver representadas inclusive nas histórias clichês (e nas histórias de fantasia. E nas histórias de tiro, porrada e bomba!). Crush faz isso de uma forma delicada, fofa e confortável de assistir; é um filme sessão da tarde em todos os sentidos, e isso é maravilhoso.

Por: Nicole Camperoni (@nicamperoni)

A garota esquisita que precisa enviar uma inscrição para sua faculdade dos sonhos. Um crush de infância na pessoa mais popular da escola. A figura misteriosa e poética com coração de ouro e um segredo. Essa fórmula é a mesma de dezenas, talvez centenas, de comédias românticas com triângulo amoroso, então o que faz de Crush um filme tão revigorante de assistir? A resposta é fácil: ele é queer.

A história de Paige é tão simples e positiva que, nos primeiros minutos de filme, já dá para ter uma boa noção de como ela vai se desenrolar. O principal mistério do filme – quem é King Pun, o artista que deixa mensagens irreverentes pela escola? – nem é tão mistério assim, e a gente passa por todos os clichês das comédias românticas adolescentes. Mas, ainda assim, você quer continuar a ver, porque é um filme sobre mulheres que amam mulheres, sem nenhuma dúvida ou vergonha sobre isso.

Crush não é um filme tradicionalmente LGBTQ+. Nele, não tem o drama de sair do armário, não têm casais que precisam se assumir publicamente, nem casais que têm medo de estarem juntos. Neste filme, ser LGBTQ+ é tratado apenas como mais um fato sobre os personagens, que têm vontades, receios e crushes. Além disso, as protagonistas não são as únicas pessoas queer na trama: temos uma variedade de expressões de gênero e sexualidade nos personagens secundários e até na composição das cenas.

A melhor parte de Crush é que ele não é um filme inovador em sua narrativa, nem em suas protagonistas. E eu digo isso com toda a sinceridade do mundo, porque a questão é que nós, como pessoas queer, queremos nos ver representadas inclusive nas histórias clichês (e nas histórias de fantasia. E nas histórias de tiro, porrada e bomba!). Crush faz isso de uma forma delicada, fofa e confortável de assistir; é um filme sessão da tarde em todos os sentidos, e isso é maravilhoso.

No entanto, o longa se apoia tanto nos clichês que ele beira a superficialidade em alguns momentos. Sua história tem momentos que poderiam ser aprofundados para transformá-la em um verdadeiro símbolo do cinema queer. Eu ia AMAR conhecer mais a AJ, sua visão como artista e como ela e Paige se conectam pela arte. Aliás, senti que o casal principal é bem pouco desenvolvido, e a ideia foi que o enredo clichê daria conta de sustentar o romance. Faltaram as borboletas no estômago, os fogos de artifício, o lance de almas gêmeas que só uma comédia romântica adolescente é capaz de nos entregar. Ser clichê é a salvação e a maldição de Crush.

Dito isso, é um filme que simboliza mais um passo na direção certa. Na direção da representatividade em todos os lugares, em todos os sentidos e com um final feliz ao qual todos temos direito.

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