Dr. Vinicius Bassega, especialista em reprodução humana, ressalta que as últimas decisões em torno do tema representam avanços cruciais, principalmente no Mês do Orgulho
Por Lesbocine
Em uma decisão histórica, a FIFA anunciou medidas abrangentes de apoio à gestação e maternidade das jogadoras profissionais de futebol em todo o mundo. Entre as mudanças mais significativas está o direito a um período de licença remunerada após o parto, estendendo-se também às mães adotivas e não biológicas.
Segundo o Dr. Vinicius Bassega, ginecologista e especialista em reprodução humana, conhecido por ter realizado a Fertilização In Vitro (FIV) da jogadora Cristiane Rozeira, entre outras atletas, a decisão da FIFA representa um marco fundamental no apoio às jogadoras que optam pela maternidade durante suas carreiras. “Hoje, a maioria das mulheres busca postergar a maternidade para focar na vida profissional, e as atletas tinham muito receio, questionando se a gravidez seria uma opção viável ao longo da vida útil dentro de campo”, observa o médico.
A nova medida da FIFA não se limita apenas à questão financeira, como ressalta o Dr. Bassega. “A partir de agora, elas têm a certeza de que poderão gerar um vínculo com o bebê, amamentar, vivenciar o período de desenvolvimento do bebê com tranquilidade, sem receios”, complementa. Bassega também destaca a importância de os profissionais de saúde estarem preparados para lidar com esse novo cenário. “Os especialistas devem estar preparados e cientes do novo posicionamento da FIFA”, destaca. Já que será necessário um atestado médico para que as atletas tenham direito à licença, o que, segundo ele, permitirá um tratamento mais tranquilo e seguro durante o período pré e pós-gestação.
Com a implementação dessas medidas, a FIFA não apenas reconhece a importância da maternidade para as jogadoras profissionais, mas também fortalece o compromisso com a igualdade de gênero e a proteção dos direitos das mulheres no esporte. Este passo histórico não só representa uma vitória para as atletas, mas também estabelece um novo padrão de apoio e inclusão na comunidade esportiva global.
Decisão do STF de aprovar direito à licença maternidade para mães não gestantes influenciou o anúncio
Por decisão do Supremo Tribunal Federal, em março deste ano, o direito à licença-maternidade passa a ser estendido para mães não gestantes, em uniões homoafetivas. Em casos em que a companheira tiver direito ao benefício, ele deve ser concedido à mãe não gestante pelo período equivalente ao da licença-paternidade de 5 dias (podendo ser estendida para 20 dias no programa empresa cidadã), segundo a lei.
Segundo o Dr. Vinicius Bassega, apesar de representar um avanço, a medida contém problemas. Segundo a pesquisa Datafolha, para 76% dos brasileiros, o direito à licença-paternidade deveria ser ampliado e 83% dos entrevistados concordam que a licença-maternidade deveria ser de 180 dias para todas as mulheres.
“Na prática, essas decisões judiciais continuam reproduzindo estereótipos de gênero, lutamos para uma licença parentalidade e não paternidade. Ainda não estão levando em consideração as novas configurações e a diversidade das famílias brasileiras. Criar filhos é uma responsabilidade coletiva, não deve ser entendido somente a partir da pessoa que gesta”, comentou a influenciadora Iza Mariana, paciente do Dr. Bassega e mãe da Hope, gerada através de FIV dentro do seu relacionamento homoafetivo.
“Isso só mostra o quanto é necessário debater esses temas e estabelecer leis, já que a sociedade até o momento não se mostra atualizada e capacitada para acompanhar e cobrir os direitos das famílias em formatos diversos. Uma mulher que não engravidou, não deixa de ser mãe por isso”, comenta o médico. Diante da ausência de legislação que proteja as entidades familiares diversas por completo, o Poder Judiciário deve fornecer os meios protetivos necessários.
Foto em destaque: Edição: Lesbocine