Lésbica, negra e desfem, Vitória tinha apenas 16 anos quando foi assassinada pelo pai da namorada
por Rayanne Tovar
O brutal assassinato da adolescente Vitória, de 16 anos, em Parelheiros, distrito da Zona Sul de São Paulo, escancara mais uma vez as violências que atravessam os corpos de mulheres lésbicas, negras e desfeminilizadas — e a omissão dos órgãos públicos e da grande mídia diante da lesbofobia no país.
Desaparecida desde o dia 2 de outubro, Vitória foi encontrada morta após dias de buscas na região onde morava a namorada, também adolescente. O pai da namorada, Rogério Ambrosino Leite, de 46 anos, confessou o crime. Segundo a investigação, ele atirou cinco vezes contra a jovem após encontrá-la dormindo na casa junto da filha, de 15 anos.
Após o assassinato, Rogério teria obrigado a própria filha a ajudar a esconder o corpo. Os dois amarraram Vitória com arames em uma barra de concreto e a jogaram em um lago próximo à residência da família. O homem foi preso e encaminhado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
De acordo com familiares, Vitória já havia relatado que o pai da namorada não aceitava o relacionamento das duas, e que só podiam se encontrar quando ele não estava em casa. O caso veio à tona após mensagens e prints enviados pela namorada da vítima ao irmão de Vitória, o que ajudou a esclarecer o desaparecimento.
Mas este não é um caso isolado. A violência lesbofóbica — o lesbocídio — cresce silenciosamente no Brasil.
A morte de Vitória é mais um alerta sobre como o preconceito contra mulheres lésbicas, especialmente negras e periféricas, continua sendo naturalizado e invisibilizado.
Assim como Vitória, muitas outras tiveram suas vidas interrompidas pela lesbofobia. A sociedade deve seguir em luta por justiça para as vítimas e suas famílias, e por direitos, proteção e respeito às mulheres lésbicas em toda a sua diversidade.
Foto em destaque: Reprodução