Desenvolvedoras de jogos como a Riot, a Blizzard, a Naughty Dog e a Square Enix, têm apostado cada vez mais na inserção de personagens e enredos voltados para a comunidade e que tornem os videogames um espaço de pertencimento
por Vitória Vasconcelos
Se tornando cada vez mais múltiplo e acolhedor, o universo dos games tem colocado sob a luz, tanto por meio de narrativas e personagens quanto nas suas ações no mercado, a comunidade LBTQIAPN+. A luta por respeito perante a comunidade tem sido um ponto em que as empresas desenvolvedoras de jogos, há alguns anos batem a tecla sobre e carregam essa pauta dentro e fora das telas.
Em estudo realizado pela Pesquisa Game Brasil (PGB) em 2025, dados revelam que 82,8% dos brasileiros têm o costume de jogar algum game virtual. Já no GLAAD Gaming Report de 2024, realizado nos Estados Unidos, 17% dos jogadores se consideram membros da comunidade LGBTIAPN+, entretanto, 72% desse público ainda pede por mais representatividade nos jogos.
Segundo a diretora do Team Solid, Luiza Trindade, que é conhecida por Croft, a organização tem de estender o papel dela para além de apenas o âmbito da competição. “Precisamos garantir que o ambiente gamer seja acolhedor e seguro para todos, independentemente de gênero, orientação sexual ou identidade. A diversidade dentro do universo dos eSports é fundamental para que mais talentos se sintam representados e queiram fazer parte dessa comunidade”, reitera.

Croft ainda aponta que a diversidade nos games não acontece apenas na hora de se criar personagens que carregam em si uma multitude, mas também quando se torna o ambiente do jogo saudável e aberto para que os jogadores sejam eles mesmos. “O impacto positivo disso transcende os jogos: influencia a autoestima, o senso de pertencimento e até mesmo as oportunidades dentro da indústria”.
A força dessa representatividade LGBTQIAPN+ é mostrada muito além de apenas números. Ainda segundo o estudo da GLAAD, 70% dos jogadores LGBT+ e 46% dos jogadores não-LGBT+ assumem ser menos propensos a consumir jogos que contenham estereótipos negativos ou nenhuma representatividade.
Para Clara Melo, estudante de Engenharia de Telecomunicações, a representatividade em jogos cura uma ferida que o meio LGBTQIAPN+ nem sabia que tinha ali, que jogos como “The Last of Us” trazem avanço e são emocionalmente especiais para mulheres sáficas. “O mundo dos jogos sempre foi predominantemente masculino; estar, jogar e ser alguém que convive nesse meio, sendo sáfica, é um ato de resistência. Para quem cresceu jogando com personagens que não se identifica, ter representatividade feminina e, principalmente, sáfica, parecia um mundo utópico, mas agora se torna cada vez mais forte. É como contar pra Clara de seis anos que, finalmente, achamos o personagem perfeito pra jogar”, compartilha.
Tendo em vista a importância que os jogos trazem para as pessoas e como as empresas buscam acrescentar cada vez mais diversidade em suas jogatinas, o Lesbocine selecionou cinco jogos com representatividade sáfica marcante.
01. The Last of Us
Criada pela Naughty Dog, a franquia do jogo que nos insere em um cenário pós-apocalíptico em uma pandemia de zumbis e pessoas que buscam se reerguer após o fim do mundo. Com mais de 10 milhões de cópias vendidas, o game nos entrega um protagonismo sáfico com Ellie e o desenvolvimento de sua história enquanto uma mulher lésbica acontece de forma natural e orgânica.
A obra, inclusive, tem sido adaptada em forma de série pelo canal de streamings, Max. O que leva mais pessoas, que não jogaram, a conhecer a história de Ellie e Joel.

02. Life is Strange
Considerado um clássico em narrativas LGBTQIAPN+, a franquia criada pela Square Enix teve sua identidade criada em torno de histórias e personagens pertencentes à comunidade. Uma década atrás, o primeiro jogo era lançado e com ele, recebíamos o protagonismo com Max e Chloe, duas amigas de infância que se reencontram e se apaixonam à medida que o jogo acontece.

03. Valorant
Desenvolvido pela Riot Games, Valorant é um jogo de tiro tático no formato 5×5. Com personagens, ou melhor “Agentes”, diversos e mapas que te permitem jogar em todo o universo do game, o jogo nos presenteou com Raze e Killjoy. As duas agentes são canonicamente namoradas e conquistaram seus jogadores com seu amor e estilos.

04. Overwatch
Criado pela Blizzard Entertainment em 2016 para ser um jogo de multijogadores em tiros de primeira pessoa, a franquia Overwatch é conhecida pela sua diversidade de heróis que podem ser escolhidos pelos jogadores. Dentre eles, algumas personagens são canonicamente sáficas, como Pharah (lésbica), Sombra (bissexual), Tracer (lésbica) e Widowmaker (bissexual).

05. League Of Legends (LOL)
League of Legends é um jogo criado e publicado pela Riot Games, também desenvolvedora do game Valorant, que entra no gênero multiplayer online battle em que duas equipes se enfrentam. LOL, assim como outros jogos com essa mecânica, possui uma gama de personagens que podem ser selecionados pelos jogadores e, dentre eles, possuímos diferentes heroínas sáficas, sendo elas: Neeko (lésbica), Diana (lésbica), Leona (lésbica), Nami (bissexual), Vi (lésbica), Caitlyn (lésbica), Nidalee (sáfica) e Rell (bissexual).
Além de trazer personagens assumidamente sáficas, o jogo também tem casais canônicos, sendo eles Diana e Leona, e Vi e Caitlyn, além dos shipps headcanon entre outras mulheres do universo do game.
O jogo também foi adaptado para uma série animada pela Netflix e nele, podemos ver melhor o relacionamento de Vi e Caitlyn.

Imagem em destaque: Divulgação: League Of Legends