Do mesmo diretor de Meu Nome é Daniel, o documentário Assexybilidade desconstrói preconceitos e visões capacitistas sobre a sexualidade de pessoas com deficiência
Por Danielly Oliveira
Com lançamento confirmado para esta quinta-feira, 19, a produção audiovisual traz à tona assuntos vistos como tabus pela sociedade. Dirigido por Daniel Gonçalves, o filme dá voz às pessoas que, por tanto tempo, foram e continuam sendo silenciadas. A narrativa conta com a participação de 15 pessoas, sendo que, ao longo de quase uma hora e meia, a obra explora vivências, experiências e prazeres de personagens reais do cotidiano.
Para quem se emocionou com a personagem bissexual Laila (Kalki Koechlin), em Margarida com Canudinho, Assexybilidade oferece uma perspectiva semelhante de autodescoberta sexual. O longa-metragem, segundo projeto sob a direção de Daniel Gonçalves, expõe relatos sobre flertes, beijos, intimidade e prazeres sexuais de pessoas com deficiência. Assim como no filme de Laila, o documentário aborda temas que a sociedade frequentemente tenta mascarar ou ignorar.
Para quebrar paradigmas e estigmas, Assexybilidade apresenta uma sinopse que convoca o telespectador para os cinemas: “A maior força do documentário é precisamente ouvir das pessoas com deficiência coisas que a sociedade não espera que elas digam ou façam. Queremos mudar a ideia de que são seres assexuados, angelicais, especiais e, até mesmo, desprovidos de desejos. ‘Nós fodemos e fodemos bem,’ dizem por aí”.
Visibilidade e representatividade LGBTQIAPN+
Sob uma perspectiva inclusiva e sensível, o documentário explora as vivências de pessoas com deficiência em uma sociedade normativa. Com personagens que também fazem parte da comunidade LGBTQIAPN+, o longa abre espaço para discussões necessárias em ambientes que parecem inclusivos, mas que podem servir como palco para preconceitos. Trata-se de um grupo social duplamente marginalizado — tanto pela sociedade heteronormativa quanto pela própria comunidade queer.
Além de dar voz às pessoas com deficiência, o documentário também aborda a vivência de mulheres sáficas e outros membros da comunidade LGBTQIAPN+, mostrando seus desejos e suas vontades que são, em várias situações, invisibilizados.
Por isso, a pluralidade do desejo é um dos pontos centrais do documentário, como mostrado no trailer, quando uma das personagens declara: “Eu fico com homens, mulheres, trans, cis, travestis.”
Sobre o diretor
Daniel Gonçalves, jornalista formado pela PUC-Rio, é um nome de destaque no cinema brasileiro. O diretor insere suas próprias vivências na narrativa, o que permite ao público conhecer a realidade sexual de uma pessoa com deficiência. “A produção do documentário passa muito pela minha própria experiência”, afirma Daniel, destacando os desafios e preconceitos que ele mesmo viveu.
Premiações e festivais
Premiado em festivais internacionais como o OutFest Los Angeles, Assexybilidade já coleciona importantes reconhecimentos, incluindo o Prêmio de Melhor Direção de Documentário e menção honrosa no Prêmio Félix. O filme, exibido em mais de 20 festivais ao redor do mundo, também conquistou prêmios como Melhor Direção de Longa-Metragem e o Grande Prêmio do Júri de Melhor Longa-Metragem Documentário.
A obra é uma produção de SeuFilme e TvZero, em coprodução com a RioFilmes, GloboNews, GloboFilme e Globoplay.
Foto em destaque: Reprodução: Instagram/@assexybilidade