Angela Ro Ro, pioneira no combate à lesbofobia e marcante no MPB, morre no Rio e deixa legado

Cotidiano Notícias

A cantora era conhecida por hits como “Amor, Meu Grande Amo”, “ Gota de Sangue” e “Tola Foi Você”, além de parcerias com nomes renomados como Frejat, Maria Bethânia e Ney Matogrosso

por Vitória Vasconcelos

A cantora Angela Maria Diniz Gonçalves, conhecida como Angela Ro Ro, morreu nesta segunda-feira, 8, aos 75 anos de idade. A musicista estava internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro, desde 17 de junho deste ano e teve a informação da morte confirmada pelo advogado, Carlos Eduardo Campista de Lyrio, ao G1.

Conhecida por ser um dos mais renomados nomes da indústria musical no Brasil, Angela Ro Ro deu entrada no hospital em estado grave devido uma infecção pulmonar e precisou ser submetida a uma traqueostomia para que o pulmão, por meio de uma abertura na traqueia, pudesse receber ar.

Contracapa do álbum “Só Nos Resta Viver” / Foto: Divulgação: “Só Nos Resta Viver”

Em nota oficial divulgada em redes, a equipe de Ro Ro anunciou a partida da cantora após uma infecção bacteriana adquirida na UTI por não estar isolada totalmente dos demais doentes.

“Angela faleceu hoje pela manhã no Hospital Silvestre, onde estava internada por uma infecção contraída no próprio hospital. A sua única companheira de quatro anos está absolutamente consternada com seu falecimento. Embora alguns meios de comunicação tenham publicado que uma ex-produtora, de nome Lana Braga, estaria cuidando dela, ou era sua companheira, essa informação é falsa. Esclareço que a Angela não possuía contato além de meras ligações com a Lana. Sua companheira verdadeira e atual não quer se identificar no momento. Sobre a causa da morte, a cantora contraiu outra bactéria na UTI onde estava, uma vez que não estava totalmente isolada dos demais doentes.”

Abertamente lésbica, Angela Ro Ro foi pioneira no combate á lesbofobia e falava, em suas músicas, sobre o amor / Foto: Reprodução: Alexandre Moreira

Dona de músicas que marcaram gerações e uma voz inconfundível, Angela foi uma das pioneiras no movimento LGBTQIAPN+ e lutava contra a lesbofobia. Falando abertamente sobre ser uma mulher lésbica, a cantora chegou a assumir, no início da década de 1980, um relacionamento com Zizi Possi, que resultou em um término conturbado e o seu álbum “Escândalo!”.

A música e a vida

Nascida em cinco de dezembro de 1949 no Rio de Janeiro, logo na infância Angela recebeu o apelido “Ro Ro”, o qual usaria em toda sua vida, por conta de sua voz mais grave e rouca. 

Com a carreira na música iniciada em 1970, a musicista se tornou uma das mais autênticas e popular dentro do rock nacional e da Música Popular Brasileira (MPB), repercutindo em sucessos como “Amor, Meu Grande Amo”, “ Gota de Sangue”, “Tola Foi Você”, dentre outros, e parcerias nos palco com nomes como Frejat, Maria Bethânia e Ney Matogrosso.

Vestida em um smoking, Angela Ro Ro cantou no Teatro Fênix o seu clássico “Amor, Meu Grande Amor”, se tornando seu primeiro sucesso / Foto: Divulgação: Alexandre Moreira

Antes de sua internação, Angela Ro Ro colaborou com a produção de um documentário que leva seu nome e conta sua história, segundo Mauro Ferreira para o G1. Dirigido por Liliane Mutti, do filme “Miúcha – A Voz Da Bossa Nova” (2022), o longa já se encontra em fase final de produção e trará depoimentos inéditos, imagens de arquivos e cenas de shows mais recentes da cantora.

Quando finalizado, o documentário “Angela Ro Ro” será exibido tanto no canal Curta! quanto na plataforma de streaming CurtaOn.

Foto em destaque:  Marco Antônio Rezende/Agência O Globo

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