Crítica - Publicado em 05.nov. 21
Diretor: Ryan Murphy, Evan Romansky
Gênero: Drama
Duração: 1 temporada
Ano: 2020
Sinopse:

Em 1947, Mildred Ratched começa a trabalhar como enfermeira em um hospital psiquiátrico. Entretanto, por trás da aparência impecável, cresce uma alma sombria.


Assista o trailer:

Eu acho que nunca vi tanto tom de verde explorado em uma produção. Não só a paleta, mas toda a composição de cenários e looks. A paleta de Ratched é contrastada com muitas cores fortes e coloridas em verde especificamente, mas eu honestamente e pessoalmente enjoei demais da atenção ao verde!

Enfim, a série é vista como prelúdio do clássico Um Estranho no Ninho. Foi criada, produzida e dirigida por Ryan Muprhy, e Ratched é ambientada na década de 40 inspirada na personagem enfermeira Mildred Ratched. Estrelada por Sarah Paulson que também está na produção executiva, Ratched chega a um hospital psiquiátrico com uma missão pessoal. Ela não tem escrúpulos e é egoísta, capaz de tamanhas atrocidades, absurdos e extremismos para conseguir o que quer e o que é favorável para si.

Essa descrição é o que é nos apresentado nos três primeiros episódios, mas algo se perde. Em algum ponto, ainda no início, Ratched deixou de ser uma série de suspense para um melodrama confuso e passional. Toda a áurea que foi introduzida inicialmente, cede espaço para mostrar camadas da protagonista que até então parecia imbatível. E isso não acontece só com ela, outros personagens protagonistas passam por isso. Mas apesar de ser história de origem do filme, ela tem sua independência e distanciamento a ponto de não precisar assistir o filme para poder ver a série. Indo aos pontos positivos, há uma passagem sobre o procedimento de intervenção cirúrgica lobotomia.

Na época, a homossexualidade era vista como doença, e é mostrado explicitamente alguns tratamentos que eram feitos, e isso nos traz um choque, mas ao mesmo tempo acaba se conectando ao arco da antagonista. 

O melhor de Ratched é o romance da enfermeira com Gwendolyn (Cynthia Nixon), a assessora de imprensa do governador. Inicialmente a Mildred reluta à paixão inesperada, mas acaba cedendo quando Gwendolyn começa a entrar mais na sua vida e mostrar um mundo diferente do que a enfermeira conhece, sua postura e perspectivas passam a mudar. Eu definitivamente não esperava que Ratched no fim das contas se trataria de uma série sobre descobertas, aceitações e rendições da enfermeira. 

Talvez o que mais me incomodou na obra tenha sido a forma como as histórias demoraram para se encontrar no arco principal, isso faz com que tenha rodeios cansativos. O tempo era curto, a leva de episódios pequenos, talvez tenha sido isso? Ou não. Sarah é talentosa e está em um grande trabalho técnico, mas os secundários é que brilham, ainda que alguns arcos sejam bem chatos. 

O destaque vai para Sophie Okonedo na brilhante Charlotte Wells, que chega avassaladora no meio série, quando a produção já está quase para entrar numa espiral. A personagem de Okonedo muda peças de lugar, dá um toque imprescindível no ritmo e dita o ato final. 

Apesar do verde que me incomodou e do roteiro ora superficial, ora bem trabalhado, Ratched conta um grande trabalho técnico, com toques de luxo e elegante no cenário e ambiente. Se perde na sua própria história, mas encontra o gancho que a leva para um final interessante e possível de segunda temporada.





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